sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A falta que Deus sente

"Se entendi bem as lições de filosofia da faculdade, para Platão Deus seria uma espécie de pensamento, algo incorpóreo, espiritual. Mas para ser Deus, para ser o ente que coloca em movimento todas as coisas, pré-existente a elas, Deus teria que ser um pensamento que se pensa a si mesmo, alheio a todo o resto, que ele cria sem notar, sem perceber. Platão achava inconcebível que um ser imanente, transcendente como Deus, pudesse se ocupar de qualquer coisa menor que Ele.

Evidentemente, o quadro que minha Bíblia pinta de Deus é bastante distinto. Ela mostra um Deus completamente debruçado sobre este mundo , envolvido em suas grandes questões mas também nas minúsculas e aparentemente insignificantes. Mas mesmo a minha Bíblia deixa claro um ponto: Deus é infinitamente superior às criaturas que fez a Sua imagem e semelhança. Ele é onipotente – nós, fora dEle, somos completamente impotentes; Ele é onisciente – nós temos grandes dificuldades para interpretar corretamente aquilo que nossos sentidos alcançam; Ele é eterno – nós somos dolorosamente finitos, aprisionados a uma cápsula de tempo chamada presente; e Ele é onipresente – nós somos aprisionados ao espaço físico que ocupamos. Enfim, Deus não precisa de nós, mas nós precisamos desesperadamente dEle.

De fato, Deus não seria Deus se precisasse de alguma coisa nossa. Ele, por definição, não precisa. Mas o mais curioso é que algumas vezes vejo Deus Se comportando como se precisasse. Quando Adão e Eva viram-Lhe as costas, Ele vai atrás deles no jardim; quando o povo dEle se desviava da rota segura, Ele tentava os mais diversos métodos para capturar de novo seu coração e mente. Ele afirma coisas como “pois que com amor eterno te amei, também com amorável benignidade te atraí" (Jeremias 31:3). Eu poderia continuar dando uma extensa lista de exemplos dessas atitudes surpreendentes de Alguém com tais caracteristícas.

Mas o que explica essas reações inusitadas de um Deus transcendente, a característica com Platão não contava e que faz com que Ele Se ocupe de criaturas insignificantes que insistem em ignorá-lO e desprezá-lO, é tao simples como o amor. Não há dúvidas, Deus ama. O que mais poderia fazê-lo apropriar-se das necessidades de outros? É o amor que faz isso. A necessidade que Deus expressa de nos ter por perto, de ter nossa companhia, na verdade é a nossa necessidade de estar com Ele, mas porque Ele nos ama tanto, acaba pegando para Ele nossa carência mais profunda, acaba sofrendo se não tem aquilo cuja ausência é a fonte de nosso sofrimento.

O amor, no fim, subverte a lógica. Porque ama, Deus sente falta de mim. Quando eu reconhecer que minha maior angústia é justamente sentir falta de Deus, verei que o que eu mais quero é exatamente o que meu Deus – o onipotente – quer, e serei feliz."

Marco Aurélio Brasil

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A vida ensina


"Se você pensa que sabe; que a vida lhe mostre o quanto não sabe.

Se você é muito simpático mas leva meia hora para concluir seu pensamento; que a vida lhe ensine que explica melhor o seu problema, aquele que começa pelo fim.

Se você faz exames demais; que a vida lhe ensine que doença é como esposa ciumenta: se procurar demais, acaba achando.

Se você pensa que os outros é que sempre são isso ou aquilo; que a vida lhe ensine a olhar mais para você mesmo.

Se você pensa que viver é horizontal, unitário, definido, monobloco; que a vida lhe ensine a aceitar o conflito como condição lúdica da existência.

Tanto mais lúdica quanto mais complexa. Tanto mais complexa quanto mais consciente. Tanto mais consciente quanto mais difícil. Tanto mais difícil quanto mais grandiosa.

Se você pensa que disponibilidade com paz não é felicidade; que a vida lhe ensine a aproveitar os raros momentos em que ela (a paz) surge.

Que a vida ensine a cada menino a seguir o cristal que leva dentro, sua bússola existencial não revelada, sua percepção não verbalizável das coisas, sua capacidade de prosseguir com o que lhe é peculiar e próprio, por mais que pareçam úteis e eficazes as coisas que a ele, no fundo, não soam como tais, embora façam aparente sentido e se apresentem tão sedutoras quanto enganosas.

Que a vida nos ensine, a todos, a nunca dizer as verdades na hora da raiva.

Que desta aproveitemos apenas a forma direta e lúcida pela qual as verdades se nos revelam por seu intermédio; mas para dizê-las depois.

Que a vida ensine que tão ou mais difícil do que ter razão, é saber tê-la.

Que aquele garoto que não come, coma. Que aquele que mata, não mate. Que aquela timidez do pobre passe. Que a moça esforçada se forme.

Que o jovem jovie, que o velho velhe, que a moça moce, que a luz luza, que a paz paze, que o som soe, que a mãe manhe, que o pai paie, que o sol sole, que o filho filhe, que a árvore arvore, que o ninho aninhe, que o mar mare, que a cor core, que o abraço abrace, que o perdão perdoe.

Que tudo vire verbo e verbe. Verde. Como a esperança. Pois, do jeito que o mundo vai, dá vontade de apagar e começar tudo de novo. A vida é substantiva, nós é que somos adjetivos."

(Artur da Távola)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Eu vi Deus!


É, eu vi sim!!!

Muita gente vai me achar louca, outros ficarão na dúvida, mas minha intenção não é fazê-lo acreditar em mim, apenas tentar expressar a minha experiência, única e indescritível!

Como Deus é lindo!

É claro que eu sempre soube disso, mas estar bem diante dEle, só confirmou: chega a ser uma ignorância, tamanha beleza.

Nos abraçamos tanto...
Quem disse que o ser humano precisa de pelo menos 8 abraços por dia, já deve ter visto Deus também, porque Ele não se cansa de abraçar e cada abraço sempre diz algo diferente e maravilhoso.

Se tivéssemos nos encontrado por acaso, já seria fantástico, mas Ele fez questão de planejar o encontro e se preocupou com cada detalhe e como os detalhes fazem diferença, porque eles revelam o cuidado e o amor que você tem por quem você ama. E como Ele cuidou de mim...

E o Seu amor me constrangeu.

O tempo todo eu só tentava encontrar algum motivo que me fizesse merecedora de tudo aquilo e não sabia como retribuir. Mas como Deus é amor, o amor não pensa apenas em si. Foi quando Ele me disse a coisa mais linda que eu poderia ter ouvido: “Você não precisa me agradecer, eu faço porque amo e isso me faz feliz, mas se você vai se sentir melhor, faça o mesmo por alguém”.
Nesse momento, eu aprendi a maior lição da minha vida: o amor é muito! Sempre dá e sobra, sendo assim, muita gente pode ser alcançada por ele. Não perca essa chance!

Também percebi que Ele não é apenas loiro, de olhos azuis, e muito menos tem um olhar triste e pensativo, como nas pinturas que vemos. Deus é simples, delicado, alegre, bem-humorado, tem um olhar penetrante e plenamente amoroso, é envolvente, carinhoso, extrovertido, espontâneo, criativo – principalmente quando a intenção é me surpreender – é prestativo, ama servir e fica plenamente realizado quando o faz. Pode ser moreno, mulato, albino, japonês, latino, gordo, magro, alto, baixinho, de cabelos lisos, enrolados e até grisalhos. Porque Deus pode perfeitamente ser materializado através de nós, quando estamos dispostos a revelá-Lo, a escancará-Lo para o mundo!

Uma das primeiras coisas que lemos ao abrir a Bíblia, é que fomos feitos à Sua imagem e semelhança.

Incrível! Deus é a minha cara!!!

Uma descorberta libertadora e cheia de responsabilidades...

Fernanda La Sayle

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cuidado com os Burros Motivados


A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional. Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.


ISTO É - Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki - Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo.
Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.
E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados.
Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros.
São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.

ISTO É - O Sr. citaria exemplos?
Shinyashiki - Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia.
Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis.
Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem.
Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'.
É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes.
O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana.
Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTO É - Qual o resultado disso?
Shinyashiki - Paranóia e depressão cada vez mais precoce.
O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece.
A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas.
Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTO É - Por quê?
Shinyashiki - O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento.
É contratado o sujeito com mais marketing pessoal.
As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência.
Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras.
Disse que ela não parecia demonstrar interesse.
Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas.
Contratei-a na hora.
Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTO É - Há um script estabelecido?
Shinyashiki - Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'?
- Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal:
- Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
É exatamente o que o Chefe quer escutar.
Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido?
É contratado quem é bom em conversar, em fingir.
Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse:
'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'.
Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!

ISTO É - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki -Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados.
Há muita gente motivada fazendo besteira.
Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado..
Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão.
Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado.
Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia.
O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTO É - Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki - Falta às pessoas a verdadeira auto-estima.
Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser.
O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom.
Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer.
As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam.
E poucos são humildes para confessar que não sabem.
Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim.
Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTO É -Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki -Isso vem do vazio que sentimos.
A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada!
Tive um professor de filosofia que dizia:
'Quando você quiser entender a essência do ser
humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTO É - O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki - Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado.
A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza.
Não há nada de errado nisso.
Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram.
A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTO É
- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki -Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui.
Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos.
Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo.
O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.
Um amigão me perguntou:
'Quem decidiu publicar esse livro?'
Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki - O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas:
A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno.
Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards.
Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTO É
- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade...
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.
A segunda loucura é:
Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é:
Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura:
Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe.
Não há um caminho único para se fazer as coisas.
As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade.
Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.
Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento.
Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes..
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz:
'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas.
Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Que tempo bom, que não volta nunca mais...


Às vezes dá uma vontade incontrolável de voltar nos tempos de colégio com aquelas super preocupações nível máximo: prova de química no segundo tempo, obrigações do dia-a-dia exaustivas, pular na cama até cansar cantando Mamonas Assassinas, ficar horas em claro pensando em uma comida com a letra h...

Às vezes dá uma vontade de trocar o mundo inteiro pelo mundinho do colégio, que na época causava tédio por ter tudo o que queria no mesmo lugar, mas que hoje vejo que não precisava mesmo de mais nada além do que tinha da estradinha dos abacateiros para dentro.


E as viagens?! Viajar já é bom, mas viajar com tudo pago, com todos os seus amigos, pra sair cantando por aí com muita tranquilidade - porque até as faltas na escola nesse período seriam abonadas - realmente era a melhor coisa do mundo!



Saudades das pessoas, das conversas intermináveis na madrugada, das festas do grêmio, da quadra lotada, de me divertir com a chegada dos novatos, das programações especiais, de dar “bolinho” em quem começava a namorar, de ver os novos casais levando as bandeijas do refeitório inteiro, do desespero das alunas ao ser anunciada a “presença masculina no domitório”, da gincana das cores, do show de talentos, do coral jovem, da comida especial do sábado, de matar aula para namorar ou ficar dormindo até mais tarde.

Mas tem coisas que eu não sinto a menor falta também, como acordar antes das 6 para não perder o café da manhã, as aulas educativas – não levo o menor jeito com artesanato – fazer tudo correndo a noite porque a luz do dormitório apagava às 22 horas (e se eu não estivesse com sono para dormir, azar o meu?!), não poder namorar com liberdade (desnecessário comentar), não ter saída livre (pedir autorização para a “Prepa” Percília para sair, era um parto), deixar o quarto impecável para o dia da avaliação (gente, nem minha mãe era tão rigorosa) e “pagar castigo” (lembrar de algo que só acontecia na infância durante a minha adolescência, com risco de perder a bolsa de estudos; dava um certo pânico, mas ainda assim eu paguei 2 vezes...rs).

Mas até do que eu não gostei, eu lembro dando risadas, porque foi realmente muito bom!

Hoje, os “sobreviventes” de 1998 à 2000, minha fase de Unasp-II, estão por aí: no Brasil, fora dele, estudando, lecionando, casando, trocando fraldas, repensando a profissão, desbravando o mundo.

Melhor ainda é pensar que nesse momento, em algum lugar do mundo, tem alguém dando continuidade a uma parte da minha história...

Boa sorte a todos!

Fernanda Anjos
Ouvindo: Coral Jovem do Unasp-II, "Meu primeiro amor".

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A alma dos Diferentes

"... Ah, o diferente, esse ser especial! Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem assim. E de medo de não aguentar, caso um dia venham, a ser.

O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição. O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e visadas.

Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas. Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato. Chato é um diferente que não vingou.

Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.

Diferente que se preza entende o porque de quem o agride. Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.

O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer - alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.

O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual: a inveja do comum; o ódio do mediano.

O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão, mas que está sempre certo.

O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais de mãos dadas, e até mesmo alguns adultos por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura.

O que é percepção aguçada em: "Puxa, fulano, como você é complicado".

O que é o embrião de um estilo próprio em :"Você não está vendo como todo mundo faz? "O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações os quais acaba incorporando.

Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.

Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham. É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam. Espera de onde já não vem. Sonha entre realistas. Concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados. Cria onde o hábito rotiniza. Sofre onde os outros ganham.

Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe ser importantes. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia.Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.

Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio, e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.

Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo, excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba. Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.

A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana. De que só os diferentes são capazes.

Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois."

Artur da Távola
(Enviado por meu amigo, Tiago Costa).

Alienação


Você já tentou se alienar de alguma coisa?

Segundo o dicionário Alienar é afastar-se da realidade.

E muitas pessoas preferem mesmo se afastar por “n” razões: algumas acreditam que não manter contato com a realidade pode evitar o sofrimento, outras se afastam por faltar coragem para enfrentá-la e há ainda os que optam por não fazer nada, o que em si já é uma opção. Isso é alienar-se.

Há quem se aliene da política do país, e não tiro a razão de ninguém. São tantas decepções que às vezes é melhor não saber o que está acontecendo.

E quando seu time está perto da zona de rebaixamento ou até mesmo quase caindo e você tira aquelas férias do futebol? Nunca tive esse problema, mas tenho um amigo no trabalho que já há alguns meses está nessa condição. Pobre tricolor carioca...
Outra conclusão que podemos tirar é que é muito fácil torcer nas horas boas, mas não quero entrar nesse ponto.

Mas você já tentou esquecer algo que te faz bem? Sim eu sei, é loucura!
O fato é que às vezes precisamos nos afastar do que mais amamos e essa tarefa é muito árdua.

E quando pedem que nos afastemos?
“Mas por quê?” - perguntaria você - e eu reforço: mas por quê?!
Quem nunca participou da famosa cena onde a mocinha diz ao garoto que precisa de um tempo para pensar? Por que somos ensinados a nos alienar de alguém quando esse alguém é a nossa realidade?

Esquecer deve ser uma arte e quando alguém descobrir seus segredos, por favor, me ensine.
Porque até que se aprenda, trava-se uma guerra, uma luta de espera, de paciência...
Talvez nunca a vença, mas até que se aprenda, quem está ligando pra isso?!

E onde fica a alienação nessa história?

Talvez no esforço que se faz para ignorar o que se sente.

Porque ninguém assume, mas todos preferem boas doses de realidade à uma triste alienação.

Fernanda La Salye

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sinceridade versus Tato


"Eu falo o que quero, quando quero e como quero".

Sou completamente contra essa postura!

Não que as pessoas devam reprimir seus sentimentos - e isso inclui mágoas e raivas - pelo contrário, acho mesmo que antes de ser sincero com os outros, é preciso ser sincero consigo, portanto, extravasar torna-se necessário. Mas ser sincero não implica ausência de tato.

Tem gente que para dizer uma "verdade", passa por cima de tudo e todos como um trator, como se a pessoa que recebe a crítica nesse momento fosse capaz de acionar uma espécie de botão 100% racional, que a impede nos minutos que se seguem de sentir qualquer indisposição, tristeza ou até mesmo de ter a auto-estima completamente destruída.

Se o que eu pretendo dizer ao outro implica diretamente no crescimento dele, devo assegurar que ao final da minha conversa, ele terá uma atitude positiva sobre a vida e conseguirá repensar o que está errado. Se o resultado da minha conversa resultar em mais erros e principalmente, decepções, não fiz diferença alguma, apenas evidenciei meu temperamento explosivo e o meu egoísmo exacerbado.

É claro que todos temos liberdade para escolher o que fazer com um conselho ou crítica, sendo assim, até quando policiamos a nossa maneira de falar alguma coisa, nem sempre o final é tranquilo, porque eu não posso prever as ações do outro.

Mas eu posso controlar as minhas ações e fazer com que os que me cercam sintam prazer ao falar comigo e não medo. Posso fazer com que eu seja a primeira pessoa que eles pensem quando precisarem de uma orientação. Posso ser um facilitador e não um impedimento...

Fernanda La Salye

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em paz com o Silêncio


" Lá fora, o ronco dos motores se funde à sinfonia das buzinas estridentes. Dentro de casa, a sala está vazia, embora o som da televisão crie a impressão contrária. Enquanto isso, o computador nos convoca para conversas virtuais instântaneas. Para piorar, nossas vozes internas não tiram folga: falam sem parar e não fazem menção de ir embora, mesmo tarde da noite. Assim, soterrado por uma avalanche de barulhos, internos e externos, o silêncio vai sumindo da rotina e se tornando um fantasma que amedronta muita gente".

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pietra


"Isn't she lovely,
Isn't she wonderful,
Isn't she precious,
Less than one minute old.
I never thought, through love we'd be,
Making one as lovely as she,
But isn't she lovely made from love.

Isn't she pretty,
Truly the angel's best.
Boy, i'm so happy,
We have been heaven blessed.
I cant believe what God has done,
through us he's given life to one,
But isn't she lovely made from love.

Isn't she lovely,
Life and love are the same.
Life is Aisha,
The meaning of her name.
Londie, it could have not been done,
Without you who conceived the one,
That's so very lovely made from home."
Fernanda Anjos

Saudade


Estou com saudade das gargalhadas altas e sem o menor sentido, das coisas que falávamos e só nós entendíamos.

Estou sentindo falta da movimentação que vocês causavam na minha casa, da briga pra ver quem dormiria no melhor lugar.

Estou com saudade de atender o telefone e ouvir "frases".

Saudade de comer pastel e achar a coisa mais gostosa do mundo.
Quero rever as dancinhas de ambos e saber se há novas coreografias...rs.
Quero compor músicas engraçadas e usar os SMS da Oi só pra comentar isso.

Quero andar de carro e sentir o cheiro da enchente, porque não?! rsrs

Ahhh...estou com muita saudade!

Saudade de continuar dando conselhos e ver que vocês não seguem a maoria deles...rs.


Saudade de perceber antes de todo mundo, quando algum "lance" foi pego e de vocês dizerem: "A Fezinha já virou homem, podemos falar na frente dela"...rsrs.

Estou com saudades de ser a "Mór".

Estou sentindo falta do abraço, da música, da amizade, da gente...

Mulecos, vocês não valem nada mas eu eu amo vocêeeees!!!


Fernanda La Salye

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Eternize sua mensagem


Desnecessário contar sua vida. Também não quero ser mais uma a falar da tristeza por sua morte.

Mas é curioso ver que mesmo para aqueles que não o tinham como ídolo, sempre há algo a mencionar de bom em suas músicas.

Talvez essa seja a grande lição deixada pelo Rei do Pop: não se sabe em que circunstâncias você terminará a sua vida, se terá fôlego e disposição o suficiente para dizer com propriedade o que se acredita; muito menos se terá 50 anos de chances para impressionar alguém com a sua verdade.

Aproveite o hoje para eternizar a sua mensagem, para "curar o mundo".

Heal the World
There's a place in your heart
And I know that it is love
And this place could be much
Brighter than tomorrow
And if you really try
You'll find there's no need to cry
In this place you'll feel
There's no hurt or sorrow

There are ways to get there
If you care enough for the living
Make a little space
Make a better place ...

Heal the world
Make it a better place
For you and for me
And the entire human race
There are people dying
If you care enough for the living
Make it a better place
For you and for me

If you want to know why
There's love that cannot lie
Love is strong
It only cares of joyful giving
If we try we shall see
In this bliss we cannot feel
Fear od dread
We stop existing and start living

Then it feels that always
Love's enough for us growing
So make a better world
Make a better world ...

Heal the world
Make it a better place
For you and for me
And the entire human race
There are people dying
If you care enough for the living
Make a better place for you and for me

And the dream we were conceived in
Will reveal a joyful face
And the world we once believed in
Will shine again in grace
Then why do we keep strangling life
Wound this earth, crucify its soul
Though it's plain to see
This world is heavenly
Be god's glow

We could fly so high
Let our spirits never die
In my heart I feel you are all my brothers
Create a world with no fear
Together we cry happy tears
See the nations turn their swords into plowshares

We could really get there
If you cared enough for the living
Make a little space
To make a better place ...

Heal the world
Make it a better place
For you and for me
And the entire human race
There are people dying
If you care enough for the living
Make a better place for you and for me
...

There are people dying
If you care enough for the living
Make a better place for you and for me
...

You and for me ...


Fernanda La Salye

Ela...

Eu sempre quis parar diante dela e admirá-la. Apreciá-la com a mesma vontade que me perseguia para encontrá-la.

Mesmo sabendo que valeria a pena olhar pra ela, jamais imaginei ficar sem ação, paralisada diante de tanta grandeza.

Eu não consegui dizer o quanto estava feliz em vê-la, o quanto ela era linda e sonhada por mim. Eu só conseguia pensar em como ela pôde ter nascido sem nenhuma pretensão, ter virado uma estrela instântanea e ter chegado aos 120 anos com muita luz...

É perto dela que se comemoram os grandes acontecimentos.

É diante dela que casais reforçam o seu amor.

É aos seus pés que a multidão recebe com alegria e esperança o ano novo.

E eu estava ali, diante do símbolo de uma nação, que entre tantos atributos, não perdeu a sua essência: causar admiração...

Fernanda La Salye
(Saiba mais sobre minha viagem em www.todosumblog.blogspot.com)

quarta-feira, 10 de junho de 2009

10 de Junho


O celular não pára de tocar e isso desde às 00:00 horas.
Ligações de pessoas que amo demais, mensagens lindas e engraçadas.
E os presentes? Muito fofos!!!
Estranhou a classificação? Eu explico: fofos porque o fato das pessoas se preocuparem em como vão me presentear e trazerem um pouco do que combina comigo, torna o presente ainda mais especial!
Meu aniversário...
É tão legal acordar um dia e se dar conta de que ele é todo seu!
Todos os dias são assim na verdade, mas o dia do aniversário tem um gosto especial.
É maravilhoso ver declarações públicas do quanto somos queridos, porque na verdade, precisamos dessa sensação todos os dias.
Nesse dia todo meu, quero agradecer a Deus pela oportunidade de receber e comemorar o bem maior que é a vida e mesmo sendo clichê, agradecer por tudo o que Ele me dá, porque Ele realmente é demais para mim e viver é maravilhoso!!!
A idade?
Comemore comigo e sem maiores perguntas...rsrs

Fernanda La Salye

terça-feira, 9 de junho de 2009

O Deus que eu mereço. O Deus que não existe.

“Eu perdi a paciência.
Ela é muito teimosa!
É egoísta também.
Reclama demais...
Sem contar que as coisas têm sempre que ser do jeito dela. Tá certo, ela também não é só defeitos, mas é humana demais para a minha compreensão.
Tem a inconstância, a insatisfação, a agitação e a imaturidade da humanidade.
Como se não bastasse, tem a visão limitada do mundo e das coisas.
Ela diz que confia, mas entrega tudo com muito medo.
Ela ama e ama muito! Mas toda prova de amor é acompanhada de um “se”.
Não dá pra se relacionar com alguém assim...
O céu é testemunha de que tenho tentado.
A terra já foi um dia e ainda é, mas eu confio mais na atenção das testemunhas daqui.
Eu não sei até quando eu vou suportar.
Eu tenho vontade de jogar tudo para o alto, quem sabe assim ela aprenda.
Dizem que as pessoas valorizam apenas quando perdem.
Quem sabe não seja esse o caminho?!
Se todo mundo usa essa alternativa um dia, porque eu não posso usá-la?
Fernanda, Fernanda...
Me agradeça por ser um Deus tão legal pra você.”

Fernanda La Salye

quarta-feira, 27 de maio de 2009

V de Vida, V de Vício.

Chegou...
Ficou...
Criou raíz...
Agora já era!
Se estou junto, sofro.
Se fico sem, pioro.
É um misto de alegria e tristeza, presença e saudade, paz e inferno.
É a parte melhor da vida, mas também é a única que preciso esquecer.
Quando reúno os melhores momentos, percebo que ele esteve em todos eles.
Quando quero esquecer as piores situações, lembro-me que de alguma maneira ele fez parte delas.
Vício é uma coisa tão absurda e tão poderosa, que chega ao ponto de ditar o rumo da vida.
Todo mundo tem um vício. O que muda é a disposição em deixá-lo e em alguns casos, o seu nome.
O meu tem nome e fama: Havanna Alfajor... Agora fala para mim, tenho ou não razão em estar viciada?
Esse vício ainda me mata....
de alegria!

Fernanda La Salye
Ouvindo "Meaningless" - Anthony Evans

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A cura para a rotina


Sem hora para acordar, comer, dormir ou fazer qualquer coisa.

Não há grandes planos nem metas, apenas um simples desejo que o ócio se encarrega de cumprir: ficar em paz...

Barulho? De vez em quando escuto as ondas quebrarem na praia da sacada do meu quarto, revezando com a garoa da noite ou até mesmo com os passarinhos que cantam por aqui.

De férias e em Porto Seguro, na Bahia, descobri a cura para a rotina.

Hoje foi meu primeiro dia aqui e ele me trouxe uma sensação libertadora: a de que é possível “esvaziar-ze”, não pensar em nada, não ter com o que se preocupar...

Todo mundo tinha que saber o que uma simples mudança na rotina pode fazer a alma.

Estou a algumas horas de tudo o que me faz feliz, me preocupa e toma o meu tempo diariamente, mas estas poucas horas me fizeram enxergar o que a minha rotina não me permite ver com exatidão: o quanto é preciso ficar distante de tudo às vezes, para ficar mais próximo de si mesmo.

Começo a gostar de passar alguns dias comigo...

Fernanda La Salye

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inversão de valores

(Confira a apresentação que comoveu o mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo ).

Incrível como Susan Boyle transformou-se na maior celebridade da internet após participar do programa “Britain`s got talent”, no último dia 11 e, desde lá, vem rendendo repercussões dignas de fenômeno pop.

Dona de uma voz poderosa e com 47 anos, Susan conquistou os jurados e foi aplaudida em pé pela platéia ao cantar “I Dreamed a Dream”, interpretada por Elaine Page no musical “Les Misérables”.

Eu quero muito acreditar que seu reconhecimento se deve ao seu talento, porque este é inegável; e não porque perceberam que uma pessoa “fora dos padrões convencionais”, pode oferecer algo mais do que consiguimos enxergar.

Falo isso porque ela foi ridicularizada e desacreditada ao subir no palco, simplesmente porque a sua “embalagem” não faz juz ao seu “conteúdo”.

Mas afinal, não é só o contéudo que deveria importar?!

O que nos faz pensar que de um cabelo despenteado, de um vestido nada atual, de uma sobrancelha por fazer e de um jeito estabanado de ser, não possa vir algo expetacular, porque simplesmente não agrada aos olhos ou no mínimo, não revela a imagem de sucesso ou beleza que nos fizeram engolir desde sempre?

Sim, Susan Boyle se destacou por sua diferença! Enquanto sua aparência remete à caricatura, seu talento é lapidado com minúcia e sua fome de vencer é única.

Fernanda La Salye
Ouvindo “I Dreamed a Dream” – Elaine Page

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Uma atitude excepcional

Sou Redatora em uma agência de publicidade e recentemente meu trabalho me deu um presente maravilhoso: conhecer um pouco mais o trabalho da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo, a APAE (http://www.apaesp.org.br/).

Mas não é sobre a superação da deficiência intelectual que eu quero falar desta vez e nem do quanto podemos aprender com as pessoas que possuem necessidades especiais. Ainda não.

Porque neste primeiro momento eu não estou encantada com o portador da síndrome de Down, mas com a pessoa que acreditou na inclusão social dele e que lutou por isso: Dona Jô Clemente, uma mãe obstinada e amorosa que não mediu esforços pelos filhos e uma mulher que garantiu dignidade a milhares de portadores de síndrome de Down.

A motivação de Jô para começar o trabalho da Apae-SP teve um único nome: José Fábio, conhecido como Zequinha, segundo de um total de quatro filhos. Portador de síndrome de Down, ele foi sua 'mola propulsora'. Aos 22 anos, e criada para ser uma dona-de-casa exemplar, ela percorreu diversos consultórios médicos ao perceber que Zequinha, aos 2 anos, era muito 'molinho'. Demorou a acreditar no diagnóstico da síndrome de Down - doença comum na época, mas que fadava seus portadores a uma vida reclusa. Jô tentou colocar Zequinha em escolas comuns. Só encontrou portas fechadas. Mas não se deu por vencida. Juntou-se a outros quatro casais, que também tinham filhos portadores da deficiência, e fundou a Apae-SP, em um sobradinho na Zona Sul da capital.

São inegáveis os bons resultados colhidos por Jô em todos estes anos. Inspiradas nela, outras 2.300 Apaes nasceram no Brasil. Na década de 70, a entidade já realizava o teste do pezinho, exame capaz de detectar doenças congênitas. As portas das escolas se abriram para a inclusão de outros Zequinhas. Mais de 144 mil alunos com algum tipo de deficiência estão matriculados em escolas públicas. Através de convênios com empresas nacionais, a Apae-SP ajudou a impulsionar a venda da força de trabalho desses deficientes, que agora recebem salários, aprendem um ofício e ganham auto-estima.


Dona Jô teve um estímulo muito forte para criar a Apae: dar qualidade de vida ao seu filho, que não era aceito simplesmente por ser diferente.

Embora um filho provoque reações e desperte em seus pais algumas vontades e desafios que com certeza também os surpreendem, eu não duvido que Jô tivesse feito algo amável e grandioso por um excepcional, se a situação tivesse sido diferente.

O que me perturba hoje é pensar o que será preciso me acontecer para que eu enxergue pessoas com estas ou outras necessidades? Será que elas recebem de mim a mesma atenção que os outros? Será que eu realmente acredito que elas tenham algo a me ensinar? Que sejam capazes de aprender ou produzir alguma coisa?

Se meus recursos, habilidades e competências não são investidas em causas como esta, como posso esperar que no futuro, meus filhos tenham um mundo mais amoroso, altruísta e solidário?

É fato que ongs como a Apae precisam de recursos financeiros para executar com excelência tudo aquilo que os portadores esperam e precisam encontrar quando se deparam com as dificuldades da deficiência, mas muitas vezes elas gostariam que nossos filhos fossem estimulados a visitar as crianças da ong apenas para brincar com elas. Não seria nada mal também se de repente eu me interasse em conversar com os "especiais", rir com eles, contar histórias, trocar experiências, conviver...

Estou lendo Retalhos da Vida, a biografia de Jô Clemente, a personificação da Apae. Uma mulher que aos 80 e poucos anos de idade ainda inspira lições de vida.

Me pergunto o que a minha vida terá inspirado quando eu tiver a mesma idade...

Fernanda Anjos

Ouvindo: "Um servo" - Família Soul & Novo Israel

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Repensando a Vida


Se as pessoas não se rendem ao que eu acredito, de quem é a culpa?
Intransigência delas ou falso moralismo meu?
Meus atos são mais convincentes que as minhas palavras?
Talvez este seja o ponto!
De que vale uma linda filosofia de vida quando não praticada em sua essência?
Não soa bonito, não passa convicção e muito menos estimula alguém a fazer parte disso.
Neste momento ouço “The Last Jesus” do Kirk Franklin e o refrão diz:

“If I say I love Jesus, but you can't see my Jesus,my words are empty.
If they can't see Jesus in me,no more excuses: I give myself away!
Because I may be the only Jesus they see.”

Neste momento repenso minha vida, porque realmente, a minha responsabilidade é grande.

Fernanda La Salye
Ouvindo “The Last Jesus” - Kirk Franklin

Você está disponível?

8h15 da manhã. O elevador do prédio em que trabalho se abre e cinco pessoas, contando comigo, entram calmamente, dizendo “bom dia” e apertando o botão do andar em que vão descer.

O último senhor que entrou, não sei se reconheceu o rapaz que já estava no elevador ou se apenas quis ser educado, mas foi pra ele que o senhor sorriu e disse o clássico “bom dia, tudo bem?”

O rapaz, não sei se por sono ou constrangimento, disse baixinho: “tudo”.

Como o senhor não continuou o diálogo e o rapaz não interagiu o suficiente, a conversa terminou ali, o silêncio no elevador voltou e no 5º andar, eu desci.

Apesar de ver esta cena todos os dias com diferentes pessoas e muitas vezes até sou a protagonista, desta vez ela me fez pensar. Aliás, desde sempre, mas principalmente depois que comecei a escrever, tenho me dedicado a observar comportamentos. Pessoas, famílias, empresas, todas são entidades comportamentais que revelam seu caráter através do que fazem e, o mais importante, de como fazem o que fazem.

Saí do elevador e me perguntei: “Será que o senhor realmente ficou feliz em ver o rapaz e se importou com ele, a ponto de não só desejar um ‘bom dia’ mas perguntar ‘tudo bem’? Ou ainda: teria o rapaz respondido friamente que tudo estava bem porque realmente estava ou usou frases curtas para não ficar falando de sua vida em público? E se ele tivesse dito que não estava nada bem, teria o senhor se preocupado em ajudá-lo?”

Pensei naquela situação, mas pensei principalmente em mim. Tenho sido mero formalismo ou realmente generosa?

Segundo o dicionário, generosidade é a disposição de dar, de atender, de se preoucupar com o bem-estar do outro.

Pessoas generosas costumam ter uma expressão mais leve, sempre pronta para demonstrar sua disponibilidade. Certamente você conhece pessoas disponíveis e não disponíveis. Se você estiver em dificuldade, em qualquer lugar, a qualquer hora, você sabe com quem contar? Pense um pouco. Certamente há uma lista que não hesitaria em largar tudo para te socorrer, mas também há aqueles que você nem ousaria ligar, por mais legais e amigos que sejam, para não se decepcionar com a resposta.

Ser generoso é estar disponível. É dar ao outro o que ele está precisando. O generoso não compartilha o que está sobrando, reparte o melhor que tem. E muitas vezes é visto como bobo, mas não é, acredite. Ele age assim porque é de sua natureza.

Viver ao lado de pessoas generosas é muito bom! Passam muito mais que segurança. Distribuem amor, afastam a solidão e aplicam como ninguém o conceito de viver em sociedade.

Por ter a percepção do tempo e uma visão extremamente capitalista, o ser humano preocupa-se em acumular. Estoca comida, coisas, economiza dinheiro, sonega até afeto, como se este fosse fazer falta mais tarde. Cuidado com a virtude da previsão. Ela pode transformar-se no pecado da avareza.

Não somos o centro do mundo, das coisas...

Não podemos mais permitir que a auto-suficiência, o egoísmo e a prepotência sejam mais fortes do que olhar para o outro, preocupar-se com ele e fazer disso uma experiência enriquecedora.

Enquanto isso não muda, ainda bem que a humanidade conta com uma rede de proteção chamada generosidade.

Fernanda La Salye
Foto: Liander Azevedo

quinta-feira, 16 de abril de 2009

De repente “Love is a Losing Game”


Costumo dizer que pessoas são músicas. Algumas dignas de um clássico, outras mais contemporâneas.

Há aquelas que em dias tristes, sua letra não tem muito a dizer, mas seu ritmo te levanta. Algumas inspiram lágrimas, mas quem é que não precisa lavar a alma de vez em quando?! E o que dizer das alternativas? Parecem ter criado para si um universo paralelo.

Mas as mais “ouvidas” com certeza são aquelas que marcaram a sua existência com as melhores sensações, que te convidaram para dançar mesmo sabendo que você não levava o menor jeito, que cantaram o refrão em troca de um sorriso seu...

Amo a música por uma série de motivos e prometo que qualquer dia eu conto todos eles. Mas o poder que ela tem de me fazer lembrar de pessoas e momentos especiais, com certeza me fascina.

Quer coisa melhor do que ir a algum lugar e de repente ter a alma invadida por aquela música, aquela que foi importante na sua vida, e que te faz reviver tudo nos poucos minutos em que ela toca?!

Hoje minha alma foi invadida por ela e eu estou dançando até agora...

Fernanda La Salye

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Waiting

Impontualidade. Tá aí uma coisa que eu não suporto.

Talvez por estar intimamente ligada a espera e particularmente, também não gosto de esperar.

Não vá pensando que sou perfeita e que ninguém nunca esperou por mim, não é isso. Mas o atraso não pode ser um hábito.

O fato é que mesmo não gostando de esperar, eu fiz isto algumas vezes.

Já esperei sabendo que me decepcionaria, que o final seria péssimo, mas ainda assim, eu decidi correr todos os riscos.

Mas não é sobre ficar plantada esperando alguém que se comprometeu com você em chegar às 19 horas e sei lá porque chegou às 21, que escrevo. Não...
Essa espera é irritante, mas facilmente administrada.

Refiro-me a esperas que consomem a alma, que parecem não ter fim, como a cura de uma doença, o tão sonhado equilíbrio financeiro, a paz de espírito ou ainda, o amor correspondido.

Refiro-me a espera, que seja lá qual o nome que você tenha dado a sua, também o tem deixado plantado na esquina fria e escura, mais conhecida por “Angústia”.

É...
Eu também espero por algumas coisas. E quer saber?
Com toda a minha impaciência, mas uma vez eu “cheguei às 19 horas”.

Fernanda La Salye
Ouvindo "Love is Waiting" – Brooke Fraser

Momento Memorável

Poucos momentos na vida são memoráveis, de significado elevado e indescritível, que de tão especiais, você nem consegue reproduzir ao outro como foi e no fundo, você até prefere, assim a sensação fica só com você.

Eu tive esse momento no dia 20 de Julho de 2008, quando 10 anos depois, a minha turma do ensino fundamental se reencontrou em um sítio em Salesópolis – SP, para relembrar ao máximo tudo o que a fase tão maravilhosa da adolescência nos trouxe, e claro, matar saudades.



E foi tudo tão mágico, tão maravilhoso...

O tempo pareceu não ter passado para nós. As brincadeiras tinham a mesma graça, os apelidos ainda provocavam risos, as lembranças ainda enchiam os olhos de lágrimas, as músicas – quando não cantadas por todos – eram dançadas ou mexiam alguma parte do corpo de alguém.

A tarde, além de muito divertida, foi um aprendizado!

Ali eu reforcei a teoria de que a distância realmente não faz a menor diferença quando o sentimento é sincero e de que a juventude realmente é a melhor fase da vida. É dela que provém as melhores lembranças e dela também, as maiores desilusões.

Apesar da gostosa “volta no tempo”, foi igualmente bom ver que as pessoas seguiram seus planos, sem perder suas tão marcantes características.

Os mais “empolgadinhos” do colégio, contituíram famílias e hoje podemos paparicar seus filhos.

Os que na época eram vistos como “nerds”, hoje são respeitados por tudo o que construíram.

Todos mostraram um pouco do seu talento, todos mostraram o seu orgulho um pelo outro, todos se emocionaram demais!


E porque eu escrevo sobre isso dez meses depois?!

Porque fizemos questão de não ser apenas um momento, um evento no dia 20 de julho de 2008, mas algo do qual não pudessémos mais sermos capazes de viver sem.

Fernanda La Salye

Ouvindo “Shadowfeet” – Brooke Fraser
Homenagem aos formandos de 1999 do CASAMPA

Essa tal Fernanda

Se um dia eu acordo mal humorada, isso não quer dizer que eu seja amarga, rancorosa ou tediosa. Quer dizer apenas que não sou perfeita e nem tenho a obrigação de ser.

Mas uma coisa você pode ter certeza: eu nunca acordo igual todos os dias!

Porque ser igual todos os dias é um tédio, fala a verdade?!

A vida é movimento, energia, sinergia, força, alegria, tempestade, lágrima, música, realização...

A vida é demais para ser igual e um presente diário para não ser desfrutada!

Não me permito trabalhar com o que não gosto, porque este trabalho consumirá no mínimo 8 horas das 24 que Deus me presenteia diariamente, sendo assim, elas devem ter o meu talento em sua totalidade, e talento meu bem, é moldado com muito sacrifício, o que seria uma insanidade desperdiçá-lo.

Inspiro, respiro, como, bebo, durmo, danço, namoro, canto, leio, escrevo, viajo, ando, corro, me atualizo e me permito um bocado de ações, todas devidamente regadas com muita alegria e fome de viver. Eu me permito sempre!

Me dou uma chance todos os dias. A sociedade já me cobra demais, não preciso ser tão cruel comigo. Mas também sou humana o bastante para reconhecer um vacilo e não querer mais cometê-lo.

Eu me esforço ao máximo para vencer um desafio e adoro aqueles que chegam a mim porque acreditam que eu seja capaz de encará-lo. Mas não suporto aqueles que me desafiam por despeito.

Eu sou apenas uma, mas eu sou alguém! E justamente por isso é que eu realmente acredito que o mundo não será melhor, mas já o é; porque eu nasci e faço o meu nascimento valer a pena todos os dias.

Eu sou feliz, sou o que quero ser. Sou feliz por alcançar e por continuar sonhando sempre, mesmo depois que alcancei o que eu queria.

Amo me relacionar e o meu sorriso será o mais sincero e o que de melhor você levará de mim ao me encontrar, porque ele transmitirá todas as minhas realizações, alegrias, o Deus que tenho e a música que canto. E se eu sorrir para você, nunca será por mera educação, mas para que você seja contagiado por tudo isso!

Eu me derreto com crianças e me encanto com a inocência e a franqueza delas. Tento ver o mundo com estes mesmos olhos. Confesso que nem sempre consigo.

Eu gosto de aprender com a experiência das pessoas, por isso, não hesite em me contar a sua.
Não passo um dia sem cantar, sem ouvir música e porque não, mil vezes a mesma?!

Gosto de gargalhar. Muito! Sempre! E mais um pouco! É muito fácil chorar nesse mundo. “Morrer de rir” é um ato heróico!

Bato palmas para os meus sucessos, choro com as minhas decepções, acredito de novo que é possível, luto pelo que acredito, desanimo no caminho, levanto e sacudo a poeira. Em tudo isso não sou diferente de muita gente, exceto por dedicar a Deus os méritos de minhas conquistas.

Eu sigo meu coração e às vezes ele me destrói, mas somos companheiros e cúmplices. Você não vai mudar isso!

Eu faço questão de ser diferente porque realmente não vejo prazer em ser igual a todo mundo, a não ser no direito que cada um tem de ser respeitado pelo que é.

Detesto rotina, falta de vontade, mente pequena, atraso cultural e insensibilidade.

Gosto de ser livre e só permanece ao meu lado quem respeita isso e decide voar comigo.

Ainda não sou nem metade do que sonhei pra mim. Também não sou a mesma que fui ontem e amanhã provavelmente estes versos tenham que ser atualizados.

E a graça está justamente nisso: eu posso ser melhor sempre e não apenas como você me vê! Porque a sua visão sobre mim pode ser a melhor possível, mas acordar e dormir realizada comigo, é uma meta!

Fernanda La Salye