segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inversão de valores

(Confira a apresentação que comoveu o mundo:
http://www.youtube.com/watch?v=xRbYtxHayXo ).

Incrível como Susan Boyle transformou-se na maior celebridade da internet após participar do programa “Britain`s got talent”, no último dia 11 e, desde lá, vem rendendo repercussões dignas de fenômeno pop.

Dona de uma voz poderosa e com 47 anos, Susan conquistou os jurados e foi aplaudida em pé pela platéia ao cantar “I Dreamed a Dream”, interpretada por Elaine Page no musical “Les Misérables”.

Eu quero muito acreditar que seu reconhecimento se deve ao seu talento, porque este é inegável; e não porque perceberam que uma pessoa “fora dos padrões convencionais”, pode oferecer algo mais do que consiguimos enxergar.

Falo isso porque ela foi ridicularizada e desacreditada ao subir no palco, simplesmente porque a sua “embalagem” não faz juz ao seu “conteúdo”.

Mas afinal, não é só o contéudo que deveria importar?!

O que nos faz pensar que de um cabelo despenteado, de um vestido nada atual, de uma sobrancelha por fazer e de um jeito estabanado de ser, não possa vir algo expetacular, porque simplesmente não agrada aos olhos ou no mínimo, não revela a imagem de sucesso ou beleza que nos fizeram engolir desde sempre?

Sim, Susan Boyle se destacou por sua diferença! Enquanto sua aparência remete à caricatura, seu talento é lapidado com minúcia e sua fome de vencer é única.

Fernanda La Salye
Ouvindo “I Dreamed a Dream” – Elaine Page

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Uma atitude excepcional

Sou Redatora em uma agência de publicidade e recentemente meu trabalho me deu um presente maravilhoso: conhecer um pouco mais o trabalho da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo, a APAE (http://www.apaesp.org.br/).

Mas não é sobre a superação da deficiência intelectual que eu quero falar desta vez e nem do quanto podemos aprender com as pessoas que possuem necessidades especiais. Ainda não.

Porque neste primeiro momento eu não estou encantada com o portador da síndrome de Down, mas com a pessoa que acreditou na inclusão social dele e que lutou por isso: Dona Jô Clemente, uma mãe obstinada e amorosa que não mediu esforços pelos filhos e uma mulher que garantiu dignidade a milhares de portadores de síndrome de Down.

A motivação de Jô para começar o trabalho da Apae-SP teve um único nome: José Fábio, conhecido como Zequinha, segundo de um total de quatro filhos. Portador de síndrome de Down, ele foi sua 'mola propulsora'. Aos 22 anos, e criada para ser uma dona-de-casa exemplar, ela percorreu diversos consultórios médicos ao perceber que Zequinha, aos 2 anos, era muito 'molinho'. Demorou a acreditar no diagnóstico da síndrome de Down - doença comum na época, mas que fadava seus portadores a uma vida reclusa. Jô tentou colocar Zequinha em escolas comuns. Só encontrou portas fechadas. Mas não se deu por vencida. Juntou-se a outros quatro casais, que também tinham filhos portadores da deficiência, e fundou a Apae-SP, em um sobradinho na Zona Sul da capital.

São inegáveis os bons resultados colhidos por Jô em todos estes anos. Inspiradas nela, outras 2.300 Apaes nasceram no Brasil. Na década de 70, a entidade já realizava o teste do pezinho, exame capaz de detectar doenças congênitas. As portas das escolas se abriram para a inclusão de outros Zequinhas. Mais de 144 mil alunos com algum tipo de deficiência estão matriculados em escolas públicas. Através de convênios com empresas nacionais, a Apae-SP ajudou a impulsionar a venda da força de trabalho desses deficientes, que agora recebem salários, aprendem um ofício e ganham auto-estima.


Dona Jô teve um estímulo muito forte para criar a Apae: dar qualidade de vida ao seu filho, que não era aceito simplesmente por ser diferente.

Embora um filho provoque reações e desperte em seus pais algumas vontades e desafios que com certeza também os surpreendem, eu não duvido que Jô tivesse feito algo amável e grandioso por um excepcional, se a situação tivesse sido diferente.

O que me perturba hoje é pensar o que será preciso me acontecer para que eu enxergue pessoas com estas ou outras necessidades? Será que elas recebem de mim a mesma atenção que os outros? Será que eu realmente acredito que elas tenham algo a me ensinar? Que sejam capazes de aprender ou produzir alguma coisa?

Se meus recursos, habilidades e competências não são investidas em causas como esta, como posso esperar que no futuro, meus filhos tenham um mundo mais amoroso, altruísta e solidário?

É fato que ongs como a Apae precisam de recursos financeiros para executar com excelência tudo aquilo que os portadores esperam e precisam encontrar quando se deparam com as dificuldades da deficiência, mas muitas vezes elas gostariam que nossos filhos fossem estimulados a visitar as crianças da ong apenas para brincar com elas. Não seria nada mal também se de repente eu me interasse em conversar com os "especiais", rir com eles, contar histórias, trocar experiências, conviver...

Estou lendo Retalhos da Vida, a biografia de Jô Clemente, a personificação da Apae. Uma mulher que aos 80 e poucos anos de idade ainda inspira lições de vida.

Me pergunto o que a minha vida terá inspirado quando eu tiver a mesma idade...

Fernanda Anjos

Ouvindo: "Um servo" - Família Soul & Novo Israel

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Repensando a Vida


Se as pessoas não se rendem ao que eu acredito, de quem é a culpa?
Intransigência delas ou falso moralismo meu?
Meus atos são mais convincentes que as minhas palavras?
Talvez este seja o ponto!
De que vale uma linda filosofia de vida quando não praticada em sua essência?
Não soa bonito, não passa convicção e muito menos estimula alguém a fazer parte disso.
Neste momento ouço “The Last Jesus” do Kirk Franklin e o refrão diz:

“If I say I love Jesus, but you can't see my Jesus,my words are empty.
If they can't see Jesus in me,no more excuses: I give myself away!
Because I may be the only Jesus they see.”

Neste momento repenso minha vida, porque realmente, a minha responsabilidade é grande.

Fernanda La Salye
Ouvindo “The Last Jesus” - Kirk Franklin

Você está disponível?

8h15 da manhã. O elevador do prédio em que trabalho se abre e cinco pessoas, contando comigo, entram calmamente, dizendo “bom dia” e apertando o botão do andar em que vão descer.

O último senhor que entrou, não sei se reconheceu o rapaz que já estava no elevador ou se apenas quis ser educado, mas foi pra ele que o senhor sorriu e disse o clássico “bom dia, tudo bem?”

O rapaz, não sei se por sono ou constrangimento, disse baixinho: “tudo”.

Como o senhor não continuou o diálogo e o rapaz não interagiu o suficiente, a conversa terminou ali, o silêncio no elevador voltou e no 5º andar, eu desci.

Apesar de ver esta cena todos os dias com diferentes pessoas e muitas vezes até sou a protagonista, desta vez ela me fez pensar. Aliás, desde sempre, mas principalmente depois que comecei a escrever, tenho me dedicado a observar comportamentos. Pessoas, famílias, empresas, todas são entidades comportamentais que revelam seu caráter através do que fazem e, o mais importante, de como fazem o que fazem.

Saí do elevador e me perguntei: “Será que o senhor realmente ficou feliz em ver o rapaz e se importou com ele, a ponto de não só desejar um ‘bom dia’ mas perguntar ‘tudo bem’? Ou ainda: teria o rapaz respondido friamente que tudo estava bem porque realmente estava ou usou frases curtas para não ficar falando de sua vida em público? E se ele tivesse dito que não estava nada bem, teria o senhor se preocupado em ajudá-lo?”

Pensei naquela situação, mas pensei principalmente em mim. Tenho sido mero formalismo ou realmente generosa?

Segundo o dicionário, generosidade é a disposição de dar, de atender, de se preoucupar com o bem-estar do outro.

Pessoas generosas costumam ter uma expressão mais leve, sempre pronta para demonstrar sua disponibilidade. Certamente você conhece pessoas disponíveis e não disponíveis. Se você estiver em dificuldade, em qualquer lugar, a qualquer hora, você sabe com quem contar? Pense um pouco. Certamente há uma lista que não hesitaria em largar tudo para te socorrer, mas também há aqueles que você nem ousaria ligar, por mais legais e amigos que sejam, para não se decepcionar com a resposta.

Ser generoso é estar disponível. É dar ao outro o que ele está precisando. O generoso não compartilha o que está sobrando, reparte o melhor que tem. E muitas vezes é visto como bobo, mas não é, acredite. Ele age assim porque é de sua natureza.

Viver ao lado de pessoas generosas é muito bom! Passam muito mais que segurança. Distribuem amor, afastam a solidão e aplicam como ninguém o conceito de viver em sociedade.

Por ter a percepção do tempo e uma visão extremamente capitalista, o ser humano preocupa-se em acumular. Estoca comida, coisas, economiza dinheiro, sonega até afeto, como se este fosse fazer falta mais tarde. Cuidado com a virtude da previsão. Ela pode transformar-se no pecado da avareza.

Não somos o centro do mundo, das coisas...

Não podemos mais permitir que a auto-suficiência, o egoísmo e a prepotência sejam mais fortes do que olhar para o outro, preocupar-se com ele e fazer disso uma experiência enriquecedora.

Enquanto isso não muda, ainda bem que a humanidade conta com uma rede de proteção chamada generosidade.

Fernanda La Salye
Foto: Liander Azevedo

quinta-feira, 16 de abril de 2009

De repente “Love is a Losing Game”


Costumo dizer que pessoas são músicas. Algumas dignas de um clássico, outras mais contemporâneas.

Há aquelas que em dias tristes, sua letra não tem muito a dizer, mas seu ritmo te levanta. Algumas inspiram lágrimas, mas quem é que não precisa lavar a alma de vez em quando?! E o que dizer das alternativas? Parecem ter criado para si um universo paralelo.

Mas as mais “ouvidas” com certeza são aquelas que marcaram a sua existência com as melhores sensações, que te convidaram para dançar mesmo sabendo que você não levava o menor jeito, que cantaram o refrão em troca de um sorriso seu...

Amo a música por uma série de motivos e prometo que qualquer dia eu conto todos eles. Mas o poder que ela tem de me fazer lembrar de pessoas e momentos especiais, com certeza me fascina.

Quer coisa melhor do que ir a algum lugar e de repente ter a alma invadida por aquela música, aquela que foi importante na sua vida, e que te faz reviver tudo nos poucos minutos em que ela toca?!

Hoje minha alma foi invadida por ela e eu estou dançando até agora...

Fernanda La Salye

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Waiting

Impontualidade. Tá aí uma coisa que eu não suporto.

Talvez por estar intimamente ligada a espera e particularmente, também não gosto de esperar.

Não vá pensando que sou perfeita e que ninguém nunca esperou por mim, não é isso. Mas o atraso não pode ser um hábito.

O fato é que mesmo não gostando de esperar, eu fiz isto algumas vezes.

Já esperei sabendo que me decepcionaria, que o final seria péssimo, mas ainda assim, eu decidi correr todos os riscos.

Mas não é sobre ficar plantada esperando alguém que se comprometeu com você em chegar às 19 horas e sei lá porque chegou às 21, que escrevo. Não...
Essa espera é irritante, mas facilmente administrada.

Refiro-me a esperas que consomem a alma, que parecem não ter fim, como a cura de uma doença, o tão sonhado equilíbrio financeiro, a paz de espírito ou ainda, o amor correspondido.

Refiro-me a espera, que seja lá qual o nome que você tenha dado a sua, também o tem deixado plantado na esquina fria e escura, mais conhecida por “Angústia”.

É...
Eu também espero por algumas coisas. E quer saber?
Com toda a minha impaciência, mas uma vez eu “cheguei às 19 horas”.

Fernanda La Salye
Ouvindo "Love is Waiting" – Brooke Fraser

Momento Memorável

Poucos momentos na vida são memoráveis, de significado elevado e indescritível, que de tão especiais, você nem consegue reproduzir ao outro como foi e no fundo, você até prefere, assim a sensação fica só com você.

Eu tive esse momento no dia 20 de Julho de 2008, quando 10 anos depois, a minha turma do ensino fundamental se reencontrou em um sítio em Salesópolis – SP, para relembrar ao máximo tudo o que a fase tão maravilhosa da adolescência nos trouxe, e claro, matar saudades.



E foi tudo tão mágico, tão maravilhoso...

O tempo pareceu não ter passado para nós. As brincadeiras tinham a mesma graça, os apelidos ainda provocavam risos, as lembranças ainda enchiam os olhos de lágrimas, as músicas – quando não cantadas por todos – eram dançadas ou mexiam alguma parte do corpo de alguém.

A tarde, além de muito divertida, foi um aprendizado!

Ali eu reforcei a teoria de que a distância realmente não faz a menor diferença quando o sentimento é sincero e de que a juventude realmente é a melhor fase da vida. É dela que provém as melhores lembranças e dela também, as maiores desilusões.

Apesar da gostosa “volta no tempo”, foi igualmente bom ver que as pessoas seguiram seus planos, sem perder suas tão marcantes características.

Os mais “empolgadinhos” do colégio, contituíram famílias e hoje podemos paparicar seus filhos.

Os que na época eram vistos como “nerds”, hoje são respeitados por tudo o que construíram.

Todos mostraram um pouco do seu talento, todos mostraram o seu orgulho um pelo outro, todos se emocionaram demais!


E porque eu escrevo sobre isso dez meses depois?!

Porque fizemos questão de não ser apenas um momento, um evento no dia 20 de julho de 2008, mas algo do qual não pudessémos mais sermos capazes de viver sem.

Fernanda La Salye

Ouvindo “Shadowfeet” – Brooke Fraser
Homenagem aos formandos de 1999 do CASAMPA

Essa tal Fernanda

Se um dia eu acordo mal humorada, isso não quer dizer que eu seja amarga, rancorosa ou tediosa. Quer dizer apenas que não sou perfeita e nem tenho a obrigação de ser.

Mas uma coisa você pode ter certeza: eu nunca acordo igual todos os dias!

Porque ser igual todos os dias é um tédio, fala a verdade?!

A vida é movimento, energia, sinergia, força, alegria, tempestade, lágrima, música, realização...

A vida é demais para ser igual e um presente diário para não ser desfrutada!

Não me permito trabalhar com o que não gosto, porque este trabalho consumirá no mínimo 8 horas das 24 que Deus me presenteia diariamente, sendo assim, elas devem ter o meu talento em sua totalidade, e talento meu bem, é moldado com muito sacrifício, o que seria uma insanidade desperdiçá-lo.

Inspiro, respiro, como, bebo, durmo, danço, namoro, canto, leio, escrevo, viajo, ando, corro, me atualizo e me permito um bocado de ações, todas devidamente regadas com muita alegria e fome de viver. Eu me permito sempre!

Me dou uma chance todos os dias. A sociedade já me cobra demais, não preciso ser tão cruel comigo. Mas também sou humana o bastante para reconhecer um vacilo e não querer mais cometê-lo.

Eu me esforço ao máximo para vencer um desafio e adoro aqueles que chegam a mim porque acreditam que eu seja capaz de encará-lo. Mas não suporto aqueles que me desafiam por despeito.

Eu sou apenas uma, mas eu sou alguém! E justamente por isso é que eu realmente acredito que o mundo não será melhor, mas já o é; porque eu nasci e faço o meu nascimento valer a pena todos os dias.

Eu sou feliz, sou o que quero ser. Sou feliz por alcançar e por continuar sonhando sempre, mesmo depois que alcancei o que eu queria.

Amo me relacionar e o meu sorriso será o mais sincero e o que de melhor você levará de mim ao me encontrar, porque ele transmitirá todas as minhas realizações, alegrias, o Deus que tenho e a música que canto. E se eu sorrir para você, nunca será por mera educação, mas para que você seja contagiado por tudo isso!

Eu me derreto com crianças e me encanto com a inocência e a franqueza delas. Tento ver o mundo com estes mesmos olhos. Confesso que nem sempre consigo.

Eu gosto de aprender com a experiência das pessoas, por isso, não hesite em me contar a sua.
Não passo um dia sem cantar, sem ouvir música e porque não, mil vezes a mesma?!

Gosto de gargalhar. Muito! Sempre! E mais um pouco! É muito fácil chorar nesse mundo. “Morrer de rir” é um ato heróico!

Bato palmas para os meus sucessos, choro com as minhas decepções, acredito de novo que é possível, luto pelo que acredito, desanimo no caminho, levanto e sacudo a poeira. Em tudo isso não sou diferente de muita gente, exceto por dedicar a Deus os méritos de minhas conquistas.

Eu sigo meu coração e às vezes ele me destrói, mas somos companheiros e cúmplices. Você não vai mudar isso!

Eu faço questão de ser diferente porque realmente não vejo prazer em ser igual a todo mundo, a não ser no direito que cada um tem de ser respeitado pelo que é.

Detesto rotina, falta de vontade, mente pequena, atraso cultural e insensibilidade.

Gosto de ser livre e só permanece ao meu lado quem respeita isso e decide voar comigo.

Ainda não sou nem metade do que sonhei pra mim. Também não sou a mesma que fui ontem e amanhã provavelmente estes versos tenham que ser atualizados.

E a graça está justamente nisso: eu posso ser melhor sempre e não apenas como você me vê! Porque a sua visão sobre mim pode ser a melhor possível, mas acordar e dormir realizada comigo, é uma meta!

Fernanda La Salye